Alimentação Saudável

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A alimentação desempenha a função extremamente importante de manutenção da saúde dos indivíduos, pois é através dela que o organismo humano obtém os nutrientes que necessita para seu perfeito funcionamento. Através da dieta adequada obtém-se os fundamentos para a felicidade, como saúde com disposição, bom humor, longevidade, mente clara, prazer. No entanto, cada vez mais, doenças decorrentes dos maus hábitos alimentares têm acometido as populações humanas, inclusive no meio rural, que contínua e gradativamente tem assimilado as influências do processo de globalização.
Paralelamente, convive-se num cenário de diversas crises que ameaçam não apenas o bem-estar da população mundial, como a existência de incontáveis espécies, inclusive o ser humano. A crise alimentar, quando analisada em suas bases e desdobramentos, configura-se como o núcleo de inúmeros males que assombram o mundo contemporâneo. Sob esta perspectiva, os hábitos alimentares têm consequências que ultrapassam o âmbito da saúde pública e repercutem nos sistemas de produção, recursos naturais (especialmente biodiversidade, solo, água), distribuição populacional (urbana e rural), mudanças climáticas, só para citar algumas interações decorrentes. Portanto, vale destacar, que quando o tema alimentação saudável é abordado, trabalha-se paralelamente com o âmago de muitas questões que ultrapassam as da saúde humana e que se difunde para o que pode ser definido como saúde planetária e suas múltiplas nuances.
Cintia Karina Elizandro
Bióloga - CRBio 88958-03D
12 de fevereiro de 2016
Mandala: Alimentação Holística

Alimentar-se é um conjunto de ações que ultrapassam o ato da ingestão de alimentos através do sistema digestório. Nos alimentamos daquilo que comemos e bebemos, como também dos pensamentos que cultivamos e das emoções que sentimos, além disso, a respiração é uma poderosa maneira de mantermos nosso corpo desintoxicado, refletindo um ambiente saudável.
Necessita-se consciência para o fazer e viver, consciência na escolha do que ingerimos, na forma como respiramos, consciência dos pensamentos que fortalecemos e do modo como conduzimos nossas emoções, para transformá-las em sentimentos construtivos.
Empoderar a consciência é o modo como podemos definitivamente nos alimentar holísticamente, conduzindo nosso ser a manifestação de sua plenitude no aqui e agora.
Cintia Karina Elizandro
Bióloga - CRBio 88958-03D
22 de maio de 2016
Agrobiodiversidade

A biodiversidade ou diversidade biológica são expressões que se referem às variadas formas de vida que existem no planeta, os papéis ecológicos que desempenham, e a diversidade genética que contém (ODUM & BARRET, 2008). Já o termo agrobiodiversidade referindo-se à diversidade biológica na agricultura, é relativamente recente, e “surgiu com forte ênfase após a CDB - Convenção sobre diversidade biológica, como um contraponto aos sistemas agrícolas convencionais, criticados por sua agressividade em relação ao meio ambiente e às sociedades tradicionais” (MACHADO, 2007, p. 40). A agrobiodiversidade abrange a diversidade varietal e outras diversidades genéticas; a diversidade de plantas cultivadas, de animais e de outras espécies; a diversidade de sistemas de produção ou de agroecossistemas (BOEF, 2007).
É possível assumir um papel ativo na preservação da agrobiodiversidade através de nossas escolhas alimentares. Para isso, é necessário um investimento no autoconhecimento, aprendendo a identificar as influências que dirigem nossas decisões com relação ao que ingerimos e nas múltiplas consequências que decorrem dessas escolhas.
Preocupante é saber que três quartos da produção de calorias alimentares do mundo são provenientes de apenas quatro cultivos agrícolas: milho, soja, arroz e trigo. Avalie que apesar de não haver uma listagem completa de todas as plantas comestíveis, 12.500 espécies potencialmente alimentícias são enumeradas por Kunkel (1984), e que "quase totalidade das áreas cultivadas do mundo (1,44 bilhão de hectares) é dedicada a 12 espécies de grãos, 23 espécies de tubérculos e hortaliças e 35 espécies de frutas e nozes" (WEID, 2009). Este fato soa como um grande absurdo, principalmente quando sabe-se da existência da fome no mundo. E que muitas das plantas que tratamos como invasoras, ou daninhas, entre outras expressões pejorativas, são ricas fontes alimentares que são tratadas como algo inútil em termos alimentares ou prejudiciais em relação aos cultivos convencionais.
Dentro do combo "alimentação saudável"é inevitável considerar nossa relação com a agrobiodiversidade, que configura-se por meio de nossas escolhas de consumo e outras atitudes diárias, que vão compondo cenários saudáveis ou degradantes, importa compreendermos que fazemos parte dos cenários.
Cintia Karina Elizandro
Bióloga - CRBio 88958-03D
Atualizado em Setembro/2016
REFERÊNCIAS
BOEF, Walter Simon de Boef. Biodiversidade e agrobiodiversidade. In: BOEF, Walter Simon de et al. (editores). Biodiversidade e agricultores: fortalecendo o manejo comunitário. [Tradução Juliana Vitória Bittencourt e Gustavo Rinald Althoff; Maria José Guazzelli e Andréa Lúcia Paiva Padrão (org.); Hatsi Corrêa Galvão do Rio Apa (ilustrações)]. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007. p. 36-40
KUNKEL, G. Plants for Human Consumption . Koenigsten: Koeltz Scientific Books, 1984. 393 p.
MACHADO, Altair Toledo. Biodiversidade e agroecologia. In: BOEF, Walter Simon de et al. (editores). Biodiversidade e agricultores: fortalecendo o manejo comunitário. [Tradução Juliana Vitória Bittencourt e Gustavo Rinald Althoff; Maria José Guazzelli e Andréa Lúcia Paiva Padrão (org.); Hatsi Corrêa Galvão do Rio Apa (ilustrações)]. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007. p. 40-44
ODUM, Eugene P.; BARRET, Gary W. Fundamentos de Ecologia. [Tradução Pégasus Sistemas e Soluções]. 2. reimpr. da 1 ed. de 2007. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
WEID, Jean Marc von der. Um novo lugar para a agricultura. In: PETERSEN, Paulo (org.). Agricultura familiar na construção do futuro. Rio de Janeiro: AS-PTA, 2009. p.47-56.
Frutas nativas

O Brasil, cuja flora arbórea é a mais diversificada do mundo e indissociável de sua história e desenvolvimento econômico e social, antagonicamente sofre a ameaça de extinção de espécies de grande valor, assim como da fauna que dessas espécies dependem. Isto se deve em grande parte à falta de direcionamento técnico e à precária conscientização ecológica na exploração dos recursos florestais. A utilização dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) ocorre há tanto tempo quanto existe a humanidade, sendo crucial para as economias rurais de subsistência. Ainda assim, a perda da base florestal é crescente nas últimas décadas (ANGELO et al., 2012; LORENZI, 2008).
Análises do levantamento realizado por meio do Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina (IFFSC) entre os anos de 2007 e 2011 indicam que em comparação aos levantamentos realizados há 50 pelos botânicos Raulino reitz e Roberto Miguel Klein (publicados na Flora Ilustrada Catarinense), é drástica e alarmante a redução da biodiversidade das espécies arbóreas (VIBRANS, et al., 2013).
Muitos dos alimentos e remédios naturais consumidos pelos antepassados da humanidade, hoje estão em desuso ou esquecidos. A erosão dos conhecimentos sobre as espécies vegetais é uma realidade que vem ocorrendo até mesmo nas mais remotas comunidades rurais (SILVA JR., 2013; VIBRANS, 2013). No entanto, segundo o IFFSC no Estado de Santa Catarina, ainda que contabilizando os que o fazem de forma esporádica, 60,1% de moradores que residem próximos às florestas utilizam produtos nativos na alimentação humana (JUSTEN et. al, 2013).
As frutas nativas da flora brasileira são utilizadas pelos povos indígenas desde tempos imemoriais, constituindo-se num recurso fundamental para o fornecimento de vitaminas e de minerais essenciais à saúde desses povos e dos desbravadores e colonizadores do Brasil. Porém, esses recursos naturais ainda não são utilizados com critério suficiente para o fomento da exploração econômica por parte dos agricultores familiares, seja por questões socioculturais, pela forma de exploração extrativista, falta de tecnologia para a produção em escala ou pelo desconhecimento do seu potencial de aproveitamento (AGOSTINI-COSTA et al., 2006).
Nesta perspectiva, nos últimos anos têm acontecido iniciativas voltadas a demonstrar que é viável tanto pelo aspecto técnico como econômico, conciliar a produção rural com o uso racional e sustentável dos recursos naturais, e ainda, que é possível realizar a adequação ambiental da propriedade rural, conforme preconiza o Código Florestal Brasileiro – Lei 12.651/2012, considerando os interesses econômicos dos agricultores, assim o componente florestal passa a compor as opções de atividades rentáveis dentro da propriedade (SILVA e JUNQUEIRA, 2013; YOUNG, 2011).
A ciência dos alimentos, nas suas múltiplas derivações, se insere neste contexto como importante ferramenta para que os recursos alimentares da flora nativa brasileira possam ser aproveitados de maneira eficiente, viabilizando, não apenas para as comunidades rurais, mas para os consumidores em geral, a ampliação da gama de opções que podem enriquecer a dieta humana tanto em nível nutricional como sensorial, ao mesmo tempo em que contribui para conservação da biodiversidade. O desenvolvimento e aplicação de tecnologias adequadas para o processamento das frutas nativas preenche uma lacuna do conhecimento necessário para fomentar a demanda por esses “novos” sabores e fontes de nutrientes, bem como o incremento de sistemas produtivos sustentáveis, geradores de renda aos agricultores familiares, que podem enriquecer suas áreas de Reserva Legal (RL) e Área de Preservação Permanente (APP) com espécies frutíferas nativas, para exploração sustentável.
Este espaço se propõe, através de revisão de literatura, vivências e observações, discutir sobre a potencialidade da utilização das frutas nativas como fonte de alimento e geração de renda para os agricultores familiares e a integração dessa perspectiva com a exploração sustentável da RL e APP. Estaremos trabalhando sobre este e outros temas nos nosso blog, que você pode estar acessando por aqui.
Cintia Karina Elizandro
14 de maio de 2016
Bióloga - CRBio 88958-03D
REFERÊNCIAS
(por ordem de citação)
ANGELO, Humberto et al. Valoração econômica da depredação do Pequi (Caryocar brasiliense Camb.) no cerrado brasileiro. Sci. For., Piracicaba, v. 40, n. 93, p. 035-045, mar. 2012.
LORENZI, Harri. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. 5 ed. volume 1. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008
VIBRANS, Alexander C. et al. Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina: resultados resumidos. Blumenau: Universidade Regional de Blumenau, 2013.
SILVA JR., Antônio Amaury. Karamboroty – alimento primitivo dos guaranis de Santa Catarina. Revista Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.26, n.3, nov. 2013/fev. 2014.
JUSTEN, Juliana Garcia Knapik. Uso de plantas nativas alimentícias em Santa Catarina. Revista Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.26, n.2, p.92-96, jul. 2013.
AGOSTINI-COSTA, Tânia da Silveira et al., Espécies de maior relevância para a região Centro-Oeste. In: VIEIRA, Roberto Fontes et al. (editores). Frutas nativas da região Centro-Oeste. 1 ed. 1 imp. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2006.
SILVA, Flávio Veloso; JUNQUEIRA, Rodrigo Gravina Prates. Prefácio. In: Plantar, criar e conservar: unindo produtividade e meio ambiente. GURIN, Natália; ISERNHAGEN, Ingo (org.). São Paulo: Instituto Socioambiental, 2013.
YOUNG, Carlos Eduardo Frickmann. Potencial de crescimento da economia verde no Brasil. In: Política Ambiental / Conservação Internacional - n. 8, jun. 2011 – Belo
Horizonte: Conservação Internacional, 2011.
Panc
Texto organizado por:
Cintia Karina Elizandro - Bióloga - CRBio 88958-03D
Atualizado em 05 de abril de 2017.
Plantas Alimentícias Não Convencionais
As PANC, são plantas muitas vezes intituladas de "mato", mas que em muitas regiões fazem parte da alimentação e cultura de populações tradicionais. Muitas dessas plantas são de crescimento espontâneo, ocorrendo várias espécies nativas no Brasil. Quando de interesse para cultivo, basta que se disponha de solo e clima adequados para elas se desenvolvam sem a necessidade de maiores cuidados. Portanto, são plantas que não figuram na lista de interesses de empresas de sementes, fertilizantes e agrotóxicos.
A inclusão dessas plantas em nossas dietas pode contribuir para: conservação da agrobiodiversidade, enriquecimento de fitoquímicos atuando na nossa composição corporal, aporte de macro e micronutrientes de fontes diversas, benefícios específicos referentes a cada espécie, redução do uso de agrotóxicos e fertilizantes.
Conhecer essas espécies e possibilidades de uso, dota o ser humano de maior autonomia e resgata o conhecimento tradicional que aos poucos e continuamente vem se perdendo.
No nosso blog estaremos postando ao longo do tempo, informações sobre diversas espécies de PANC. Acesse aqui.
Hibiscus cannabinus (kenaf, papoula de são francisco, cânhamo brasileiro, hibisco)
O Hibiscus cannabinus, ou kenaf, é uma planta de múltiplo uso, pertencente à família botânica das malváceas. É mundialmente conhecido devido à sua fibra, e muito explorado para a produção de cordas, barbantes, pano grosseiro, papel, etc. Assim como Hibiscus rosa-sinensis e Hibiscus sabdariffa, é bastante cultivado para fins ornamentais, mas pouco conhecido por suas finalidades alimentares. As flores dos hibiscos, em geral, têm sido utilizadas na composição de chás, e as flores do kenaf, são ricas em antocianinas, substância antioxidantes. Na Ásia e África o kenaf é popularmente utilizado como anti-inflamatório e antitumoral, entre outras aplicações, nessas regiões, as populações locais sabem utilizar diferentes partes da planta: folhas, flores, caule, raízes e sementes. As folhas jovens podem conter até 30% de proteína bruta, além de serem fontes de cálcio, ferro e vitamina C, se constituindo em excelente forragem para gado, e é claro, fonte alimentar para humanos.
As brotações e folhas jovens podem ser utilizadas como o espinafre e a couve, compondo saladas e diferentes refogados, assim como as flores, que podem colorir bebidas, entrar na preparação e decoração de saladas, etc.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de hortaliças não-convencionais / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília: Mapa/ACS, 2010.
BUKENYA-ZIRABA, R. Hibiscus cannabinus L. In: Grubben, G.J.H. & Denton, O.A. (Editors). PROTA 2: Vegetables/Légumes. [CD-Rom]. PROTA, Wageningen, Netherlands, 2004. Disponível em: http://database.prota.org/PROTAhtml/Hibiscus%20cannabinus_En.htm
CRISTOFOLINI, Aline Ferreira; BRAMORSKI, Adriana. Avaliação da atividade preventiva, do extrato da flor de hibiscus cannabinus em modelo in vivo de carcinogênese de cólon. XIV Seminário de Iniciação Científica. UNIVALI.
KINUPP, Valdely Ferreira; LORENZI, Harry. Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil. Guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2014.
